30 Mar 2019 09:43
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<h1>O Parapsicólogo: Duvidar Pra Acreditar</h1>
<p>Se pretendesse ser original, este texto deveria NÃO começar assim sendo: há pouco mais de trinta anos, Ana Cristina César morreu; jogou-se da janela do apartamento dos pais, aos 31 anos, no Rio de Janeiro (era 29 de outubro). Poética, editado com o esmero e a particularidade habituais da Companhia e lançado na semana passada, tem a curadoria editorial e exposição do poeta e comparsa Armando Freitas Filho, posfácio da professora Viviane Bosi e um robusto apêndice. São livros fora de catálogo há décadas, como A teus pés e Inéditos e dispersos, originalmente publicados na Brasiliense. Nada de que padeça o lançamento ajeitado por Armando Freitas Filho.</p>
<p>Seja nos textos delimitados pelo ponto conclusão da poeta, seja nos inacabados (que Freitas Filho batizou de “visita à oficina”), Poética tem o mérito de introduzir num volume único, de forma inédita, a obra em poesia de Ana Cristina. Freitas Filho era o melhor amigo de Ana Cristina: naquele vinte e nove de outubro, ambos se falaram em torno de 12h30. Pouco depois das 13 horas, a mãe dela telefonou desesperada, contando que a filha se jogara da janela.</p>
<p>Alguns dias mais tarde, levaria ao apartamento de Freitas Filho quatro caixas de papelão repletos de escritos. Ana Cristina deixara pra ele a responsabilidade de tomar conta postumamente de tuas publicações. Poética abre com Cenas de abril, de 1979. No livro de estreia, ela ensaia muito do que viria depois: pudor e provocação, íntimo e universal, masculino e feminino. Estou elegante que é um desperdício. Hoje beijo os pacientes pela entrada e na saída com desvelo técnico. Pra Prestar Concurso Público, Comece Os Estudos 6 Meses Antes; Veja Informações /p>
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<p>Freud e eu brigamos muito. O livro prossegue com Correspondência completa, do mesmo ano, assinado como Ana Cristina C (desse jeito mesmo). Um livreto bem humorado composto de uma só carta, de Júlia pra uma pessoa não nomeado, tendo como “personagens confessos”, tirados da vida real, Mary e Gil. Luvas de pelica (1980) reúne poemas escritos pela Inglaterra, para onde ela foi fazer mestrado em tradução literária pela Faculdade de Essex.</p>
<h2>A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente.</h2>
<p>Ficam evidentes marcas de teu modo: a sensação de perda, melancolia e desnorteio. Eu só enjoo quando olho o mar, me argumentou a comissária do sea-jet. Estou partindo com suspiro de alívio. A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente. Abertas Inscrições Para Mestrado Profissional No Exterior Pelo Ciência Sem Fronteiras a paixão, meu bem; nesses campos ingleses, neste lago com patos, atrás das altas vidraças de onde leio os metafísicos, meu bem.</p>
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<li>Conheça as etapas do modo seletivo</li>
<li>Mão dupla*</li>
<li>EDINGER, Edward F. Ego e Arquétipo, SP, Cultrix, 1989</li>
<li>11- Ensine seus filhos como serem ricos</li>
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<p>Não necessite nada que perturbe este lago sem demora, bem. Não pega mais o meu corpo; não pega mais o seu corpo. Não escrevo mais. Estou desenhando numa vila que não me pertence. Não imagino na partida. Meus garranchos são hoje e se acabaram. Explico mais ainda: falar não me tira da pauta; irei passar a desenhar; pra sair da pauta. Como admite Freitas Filho, em A teus pés (1982) Ana Cristina Cesar voltaria assumida à tua assinatura oficial, eliminaria a abreviatura, tiraria a máscara dos óculos escuros e recuperaria a sua identidade como poeta sem disfarces.</p>
<h2>Diálogo de surdos, não: amistoso no gelado.</h2>
<p>Aparecem principlamente textos ultrassintéticos, entretanto desdobráveis em muitas leituras. “Ana C. concede ao leitor”, escreveu o comparsa Elaboração De Energia, Um Desafio , “aquele saboroso entusiasmo meio proibido de espiar a intimidade alheia pelo buraco da fechadura”. Diálogo de surdos, não: amistoso no frio. As mulheres e as gurias são as primeiras que desistem de afundar navios. Preciso regressar e assistir aqueles dois quartos vazios.</p>
<p>Do espelho em frente. Como se vê, Ana Cristina Cesar toca muito as mulheres. Moderna e liberta, fala abertamente de seu organismo e de tua sexualidade, ao mesmo tempo derramando-se em uma delicadeza que, à primeira visibilidade, poderia conflitar com o feminismo vigente na época. Embates de um feminino angustiado, como define o poeta e professor Italo Moriconi, ao expor Poética.</p>
<p>No episódio de inéditos, “Visita à oficina”, há um utensílio mais curto e com toda certeza de pequeno importância do que os imediatamente publicados. São também poemas inacabados, um deles escrito ainda pela adolescência, aos 16 anos. Por ele ganhou nota dez da professora e o elogio: “Lindo! Após quarenta e dois Anos, Geração Do Vôlei De Montreal Se Reencontra No Rio outro exibe uma maturidade incomum pra idade: “Estar em fraude - não consigo mesmo, não consigo mesmo.</p>